Tabagismo
Tabagismo
O tabagismo, dentre todos os fatores ambientais do século, certamente representa o mais vil e ameaçador de todos, representando o maior fator de risco para o desenvolvimento de tumores malignos (um terço de todos os casos), doenças pulmonares, doenças cardiovasculares, doenças cerebrais entre outras. Calcula-se que 100 milhões de mortes foram causadas pelo tabaco no século XX segundo dados da Organização Mundial de Saúde. Paradoxalmente, é o único produto legal que causa a morte da metade de seus usuários regulares. Isto significa que de 1,3 bilhão de fumantes no mundo, 650 milhões vão morrer prematuramente por causa do cigarro.
Quais são os componentes da fumaça do cigarro?
A fumaça do cigarro possui uma fase gasosa e uma particulada. A fase gasosa é composta
por monóxido de carbono, nicotina, amônia, cetonas, formaldeído, acetaldeído e acroleína,
entre outras substâncias. Algumas produzem irritação nos olhos, nariz, garganta e levam à paralisia dos movimentos dos cílios dos brônquios. A fase particulada contém nicotina e
alcatrão que é um composto de mais de 40 substâncias comprovadamente cancerígenas, formado a partir da combustão dos derivados do tabaco. Entre elas, o arsênio, níquel, benzopireno, cádmio, resíduos de agrotóxicos, substâncias radioativas, como o Polônio 210, acetona, naftalina e até fósforo P4/P6, substâncias usadas em veneno para matar rato.
Substâncias presentes no cigarro e fatores de risco que causam:
Nicotina:
A nicotina é uma molécula muito parecida com a acetilcolina, um dos principais neurotransmissores naturais, e é a grande responsável pelo fato de o tabaco provocar vício. Assim que chega aos pulmões, a nicotina leva apenas sete segundos para alcançar o
cérebro e, uma vez ali, estimula as áreas de compensação, semelhante ao que outras
drogas fazem. Mas essa não é sua única ação: ela também aumenta a frequência cardíaca
e a pressão arterial, provoca resistência à insulina (favorecendo a diabetes) e, acredita-se, aumenta o agrupamento de plaquetas (efeito contrário ao da aspirina), segundo a American College Cardiology Foundation. Conclusão: a nicotina aumenta o risco de doenças cardiovasculares.
Monóxido de carbono:
O tabaco é uma fonte relativamente significativa desse gás, cuja origem está na combustão incompleta de uma grande quantidade de substâncias e que é, por exemplo, o responsável
pelas mortes por asfixia em casas com aquecedores defeituosos ou garagens mal ventiladas. Sua particularidade é que ele se junta à hemoglobina com uma avidez até 200 vezes maior do
que a do oxigênio. Os glóbulos vermelhos que coletarem essas moléculas, e cuja vida
média é de três meses, passarão o resto de seus dias transportando monóxido de carbono,
inútil para a respiração. Isso não só cria um déficit de oxigênio, como também aumenta o
número de glóbulos vermelhos para compensar (o que produz um sangue mais viscoso).
Além disso, o gás prejudica diretamente a membrana das células e ajuda o colesterol a se depositar nos vasos sanguíneos. Para Fernández, “sua gravidade tem sido menosprezada
ao longo dos anos”.
Alcatrão:
É a caixa de surpresas dos cigarros. Em geral, refere-se a todas as partículas que
permanecem em alguns filtros depois de se extrair a nicotina e a água: é a massa
escura e pegajosa que se deposita nos pulmões e que contém grande parte dos agentes cancerígenos. Segundo Esteve Fernández, existe uma boa quantidade de partículas
finas (de tamanho inferior a 2,5 micrômetros) – como as produzidas pelos motores dos
carros –, que penetram em profundidade nos pulmões, sendo absorvidas e possibilitando a ocorrência de vários (e nefastos) efeitos secundários (especialmente respiratórios e cardiovasculares).
Tolueno: É um hidrocarboneto que ocorre naturalmente no petróleo. É usado como aditivo
na gasolina e como solvente. No corpo, tem efeito irritante e é tóxico para o sistema nervoso central. É um possível cancerígeno.
Aldeídos como o formaldeído e o acetaldeído: Os aldeídos são compostos orgânicos presentes em alguns produtos naturais mas utilizados também para a fabricação de
plásticos e tintas. O formaldeído foi considerado pela Agência Internacional de Pesquisa em Câncer como um cancerígeno pertencente ao grupo 1 (os que têm maior evidência). O acetaldeído é produzido naturalmente durante a combustão do tabaco, mas aumenta com a adição de açúcares, e contribui para incrementar o vício em nicotina.
Acrilamida: É um composto orgânico tóxico para o sistema nervoso central e classificado
como provável carcinógeno (do grupo 2A).
Metais como arsênico ou cádmio, e isopreno: O arsênico foi relacionado com o
aumento do risco de diabetes, doenças cardiovasculares e danos ao tecido nervoso. É um cancerígeno do grupo 1. O cádmio é usado na fabricação de baterias e foi ligado a doenças pulmonares, cardiovasculares e renais. É um cancerígeno do grupo 1.
Polônio-210: É um elemento radioativo cuja existência no tabaco é conhecida desde
os anos 60. Trata-se de um potente carcinógeno (e, em doses muito mais altas, foi a
substância usada no envenenamento do espião russo Alexander Litvinenko).
Aditivos:
Amoníaco: Acrescentado, a princípio, para melhorar a consistência e o sabor do tabaco.
No entanto, ele também aumenta seu pH, o que em tese (há estudos que negam que as
doses sejam suficientes), possibilita que a nicotina seja absorvida em mais quantidade e aumente seu poder viciante.
Açúcares, adoçantes artificiais e mentol: Segundo Fernández, esses componentes foram adicionados “para atrair o consumo por jovens e mulheres, ao melhorar e suavizar o sabor
do cigarro”. O problema é que, ao serem queimados junto com o tabaco, os açúcares
produzem acetaldeído, que não só é cancerígeno como também, dependendo da dosagem,
pode aumentar o vício provocado pela nicotina. Já o mentol permite diminuir a tosse e a
irritação das mucosas, o que leva o usuário a menosprezar os riscos. Portanto, o mentol foi proibido pela recente diretriz europeia sobre produtos de tabaco, “ainda que com uma
moratória de quatro anos”, comenta Fernández.
Outros produtos da lista: derivados da lactona, que entorpecem o metabolismo da
nicotina e aumentam seu tempo de ação; derivados do alcaçuz e do cacau,
broncodilatadores que podem aumentar a absorção nos pulmões; e substâncias como o propilenoglicol, que demonstraram alterar (e favorecer) o padrão de resposta cerebral ao tabaco.Há muitas outras substâncias presentes na composição do cigarro o que deixaria
muito extensa essa postagem.
Doenças causadas pelo uso do cigarro e outros produtos derivados do tabaco
O tabagismo é uma doença (dependência de nicotina) que tem relação com
aproximadamente 50 enfermidades, dentre elas vários tipos de câncer (pulmão, laringe,
faringe, esôfago, estômago, pâncreas, fígado, rim, bexiga, colo de útero, leucemia),
doenças do aparelho respiratório (enfisema pulmonar, bronquite crônica, asma, infecções respiratórias) e doenças cardiovasculares (angina, infarto agudo do miocárdio, hipertensão arterial, aneurismas, acidente vascular cerebral, tromboses). Há ainda outras doenças relacionadas ao tabagismo: úlcera do aparelho digestivo; osteoporose; catarata; impotência sexual no homem; infertilidade na mulher; menopausa precoce e complicações na gravidez. Estima-se que, no Brasil, a cada ano, cerca de 157 mil pessoas morram precocemente
devido às doenças causadas pelo tabagismo. Os fumantes adoecem com uma frequência
duas vezes maior que os não fumantes. Têm menor resistência física, menos fôlego e pior desempenho nos esportes e na vida sexual do que os não fumantes. Além disso,
envelhecem mais rapidamente e ficam com os dentes amarelados, cabelos opacos, pele enrugada e impregnada pelo odor do fumo.
Efeitos do cigarro no cérebro:
Os principais efeitos da nicotina no Sistema Nervoso Central são: elevação
leve no humor (estimulação) e diminuição do apetite. A nicotina é considerada
um estimulante leve, apesar de um grande número de fumantes relatarem que
se sentem relaxados quando fumam. Essa sensação de relaxamento é
provocada pela diminuição do tônus muscular.
Essa substância, quando usada ao longo do tempo, pode provocar o
desenvolvimento de tolerância, ou seja, a pessoa tende a consumir um número
cada vez maior de cigarros para sentir os mesmos efeitos que originalmente eram
produzidos por doses menores.
Alguns fumantes, quando suspendem repentinamente o consumo de cigarros,
podem sentir fissura (desejo incontrolável por cigarro), irritabilidade, agitação,
prisão de ventre, dificuldade de concentração, sudorese, tontura, insônia e dor de
cabeça. Esses sintomas caracterizam a síndrome de abstinência, desaparecendo
dentro de uma ou duas semanas.
A tolerância e a síndrome de abstinência são alguns dos sinais que caracterizam o
quadro de dependência provocado pelo uso de tabaco.
Efeitos do cigarro no resto do corpo:
A nicotina produz um pequeno aumento no batimento cardíaco, na pressão
arterial, na freqüência respiratória e na atividade motora.
Quando uma pessoa fuma um cigarro, a nicotina é imediatamente distribuída pelos
tecidos. No sistema digestivo provoca queda da contração do estômago,
dificultando a digestão. Há um aumento da vasoconstricçao e na força das
contrações cardíacas.
Tabaco e gravidez:
Quando na gravidez a mãe fuma "o feto também fuma", passando a receber as
substâncias tóxicas do cigarro através da placenta. A nicotina provoca aumento
do batimento cardíaco no feto, redução do peso do recém-nascido, menor estatura,
além de alterações neurológicas importantes. O risco de, abortamento
espontâneo, entre outras complicações durante a gravidez é maior nas gestantes
que fumam.
Durante a amamentação, as substâncias tóxicas do cigarro são transmitidas
para o bebê através do leite materno.
Tabagismo passivo:
Os poluentes do cigarro dispersam-se pelo ambiente, fazendo com que os
não-fumantes próximos ou distantes dos fumantes, inalem também as substâncias
tóxicas, tornando-se fumantes passivos.
Estudos comprovam que filhos de pais fumantes apresentam uma incidência 3
vezes maior de infecções respiratórias (bronquite, pneumonia, sinusite) do que
filhos de pais não fumantes.
Existe tratamento gratuito para parar de fumar oferecido pelo ministério da saúde juntamente com o SUS:
Sim. Desde 2002, o Ministério da Saúde juntamente com as secretarias
estaduais e municipais de Saúde vem organizando uma rede de unidades de
saúde do SUS para oferecer tratamento do tabagismo para os fumantes que
desejam parar de fumar. O tratamento é realizado por profissionais de saúde
de nível superior e composto de uma avaliação individual, passando depois por
consultas individuais ou sessões de grupo de apoio, nas quais o paciente fumante
entende o papel do cigarro na sua vida, recebe orientações de como deixar de fumar,
como resistir à vontade de fumar, e principalmente como viver sem cigarro. Durante
as quatro primeiras reuniões de grupo (ou consultas individuais) são fornecidos
manuais de apoio com informações sobre cada uma das sessões. Também são
fornecidos medicamentos gratuitos com o objetivo de reduzir os sintomas da
síndrome de abstinência à nicotina. Procure o coordenador do controle de tabagismo
no seu Estado, município ou postos de saúde próximos de sua casa ou do trabalho,
e se informe sobre os locais e horários de tratamento do tabagismo.
Referências:
https://www2.unifesp.br/dpsicobio/cebrid/folhetos/tabaco_.htm
https://brasil.elpais.com/brasil/2015/03/27/ciencia/1427452306_690385.html
https://www.inca.gov.br/perguntas-frequentes/quais-sao-os-componentes-fumaca-cigarro
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